sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Pais do Amaral compra D. Quixote

Esta notícia só deixará feliz quem ainda não viu os novos livros da Asa impressos nas gráficas da Texto Editores, em particular A Lição de Tango da Sveva Casati Modignani. Para além do conteúdo ser já de teor duvidoso, a apresentação está, para fazer uso de um termo técnico utilizado no mundo editorial e livreiro, uma grandessíssima merda.
Com esta aglutinação de várias editoras sob uma mesma alçada (com esta, já vão seis), quem perde é o mundo editorial e, consequentemente, o leitor.
Apetece-me gritar bem alto: viva a diversidade, abaixo a uniformidade! Mas, pelo adiantado da hora, tenho receio de acordar alguém!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Aumento do Tabaco

Parece que o tabaco vai aumentar 30 cêntimos. Isto são óptimas notícias e eu vou fazer o óbvio, que é - sim já adivinharam - começar a fumar.
De facto, não sou fumador, mas sou alguém que aprecia os luxos e, com este novo aumento do tabaco, fumar já não está ao alcance de qualquer um. Vai ser um vício de luxo, elitista; e é isto mesmo que eu sou: um elitista daqueles bons, que aprecia os luxos. Gosto de roupas caras, de carros exclusivos, de canetas MontBlanc e só me vai ficar bem começar a fumar. Só ainda não decidi a marca, mas estou inclinado para o Davidoff Classic. Deve ser caríssimo!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Em que acreditam os Druidas?

Philip Carr-Gomm
Dom Quixote

Depois de ler vários romances, essencialmente sul-americanos, mas sobre os quais não me apeteceu escrever para o blogue, peguei num pequeno ensaio intitulado Em que acreditam os Druidas?, escrito por Philip Carr-Gomm. Em tempos fiz o contrário, i.e., intervalava com um romance a minha leitura (mais ou menos compulsiva) de ensaios.
Romance ou ensaio?... A velha questão.
Para mim será sempre mais fácil falar sobre um ensaio do que sobre um romance. Um romance transporta-nos para o abstracto, para o mundo das emoções, enquanto que o ensaio aponta ao concreto, ao manifesto, o que facilita a recensão crítica.
Até mesmo este Em que acreditam os Druidas?, com tudo o que representa falar sobre druidismo, toda a subjectividade e até uma certa dose de crença que lhe é inerente, não deixa de ser concreto, real, especialmente quando Philip nos remete para o revivalismo druídico. Este começou a tomar forma nos séculos XVIII e XIX e, sobre o qual, existem evidências efectivas. Quando ao druidismo primitivo, desse já é bem mais difícil falar, pois os dados que existem são vagos e bem menos palpáveis.
No entanto, como nos recorda o autor, o druidismo não é estático, não é rígido e não se cinge a dogmas. Como tal, é dinâmico e ajusta-se aos tempos. Ajustou-se também aos novos tempos e, após os esforços de algumas personalidades do século XX, entre as quais se destaca Ross Nichols, é hoje um movimento actual e que vem ao encontro dos interesses de um crescente número de pessoas que procura uma comunhão verdadeira com a Natureza, com a Mãe-Terra.
Para além do interesse que tenho por esta temática, optei por este livro, e não por outro, pois tive o ensejo de ter conhecido o autor numa viagem que fiz ao Sudeste de Inglaterra. Ainda que as palavras que nos tenha dirigido não tenham sido muito mais do que «então e de Portugal, quantos vieram?», ao que nós respondemos «somos oito», percebi, pelos acontecimentos que sobrevieram, tratar-se de um homem dedicado, atencioso e bem-falante.
Quando o autor, a páginas tantas, nos refere os eventos que costumam ocorrer em Glastonbury e Stonehenge, não pude deixar de pensar, um pouco egoicamente, diga-se, «eu já lá estive e sei do que estás a falar!»...

Publicado inicialmente no Arte de Ler.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Locais de Eleição #2


Vou a Tomar algumas vezes por ano e tenho por esta cidade um especial carinho, o suficiente para em Junho de 2005 ter chegado à versão Ne Varietur do texto que se segue (reparem que ao usar o Latim, dei logo outro brilho a esta epígrafe, apesar de ter usado a palavra "carinho").

O magnífico Castelo desta cidade, fundado em 1160 por Gualdim Pais, é o paradigma das obras templárias em Portugal e representativo da mais avançada arquitectura militar da época. Protegidas pelas muralhas, aqui viveram as primeiras gentes de Tomar. A Alcáçova, com a torre de menagem, foi construída a Oriente; a igreja templária octogonal, lugar místico por excelência, foi construída a Ocidente. Conhecida por Charola, de traça românica, remete ao Santo Sepulcro de Jerusalém e foi mais tarde ampliada, para albergar a Ordem de Cristo. Esta surge em 1319 após a dissolução da Ordem do Templo, por bula papal em 1317, e não é mais do que a sobrevivência da mesma, que assim pôde dar continuidade à sua Sagrada missão. Na cidade encontramos outros exemplos da arquitectura templária, entre os quais destacamos, como não podia deixar de ser, a Igreja de Santa Maria do Olival (igualmente conhecida como “dos Olivais”). Este belíssimo templo, cuja construção é também atribuída ao quarto Mestre Provincial da Ordem Templária em Portugal, o já referido Gualdim Pais, terá sido o primeiro panteão destes Nobres Cavaleiros, e viria a tornar-se na Igreja Matriz dos Descobrimentos portugueses. A austeridade e o despojamento nesta igreja são evidentes, símbolos de que a riqueza deve ser, acima de tudo, interior. Situada em plena Praça da República, onde podemos encontrar uma imponente estátua de Gualdim Pais, encontra-se outra igreja que não dispensa a visita. Este templo do Séc. XV, consagrado a São João Baptista, está ornamentado com diversos quadros, dos quais se destacam aqueles atribuídos ao Mestre Gregório Lopes. É também nesta igreja que se encontra uma tábua que tem pintados um Judeu, um Muçulmano e um Cristão assessorando o Guardião do Graal... A Sinagoga, situada na antiga Rua Nova (hoje Rua Dr. Joaquim Jacinto), cuja data de construção se fixou em 1430, é o melhor destes edifícios existentes em Portugal e é fundamental para o estudo da presença judaica, não só em Tomar, mas também a nível nacional.Finalmente, cabe-nos referir a Mata dos Sete Montes, apesar de existirem ainda muitos outros locais de interesse na cidade. Este parque, confinado entre quatro colinas de relevo acentuado, terá sido palco de conclaves iniciáticos, perpetrados pelos Irmãos do Templo, que aproveitaram, destes locais idílicos, a carga dramática essencial para os seus trabalhos.

Nova plataforma

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