segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Em que acreditam os Druidas?

Philip Carr-Gomm
Dom Quixote

Depois de ler vários romances, essencialmente sul-americanos, mas sobre os quais não me apeteceu escrever para o blogue, peguei num pequeno ensaio intitulado Em que acreditam os Druidas?, escrito por Philip Carr-Gomm. Em tempos fiz o contrário, i.e., intervalava com um romance a minha leitura (mais ou menos compulsiva) de ensaios.
Romance ou ensaio?... A velha questão.
Para mim será sempre mais fácil falar sobre um ensaio do que sobre um romance. Um romance transporta-nos para o abstracto, para o mundo das emoções, enquanto que o ensaio aponta ao concreto, ao manifesto, o que facilita a recensão crítica.
Até mesmo este Em que acreditam os Druidas?, com tudo o que representa falar sobre druidismo, toda a subjectividade e até uma certa dose de crença que lhe é inerente, não deixa de ser concreto, real, especialmente quando Philip nos remete para o revivalismo druídico. Este começou a tomar forma nos séculos XVIII e XIX e, sobre o qual, existem evidências efectivas. Quando ao druidismo primitivo, desse já é bem mais difícil falar, pois os dados que existem são vagos e bem menos palpáveis.
No entanto, como nos recorda o autor, o druidismo não é estático, não é rígido e não se cinge a dogmas. Como tal, é dinâmico e ajusta-se aos tempos. Ajustou-se também aos novos tempos e, após os esforços de algumas personalidades do século XX, entre as quais se destaca Ross Nichols, é hoje um movimento actual e que vem ao encontro dos interesses de um crescente número de pessoas que procura uma comunhão verdadeira com a Natureza, com a Mãe-Terra.
Para além do interesse que tenho por esta temática, optei por este livro, e não por outro, pois tive o ensejo de ter conhecido o autor numa viagem que fiz ao Sudeste de Inglaterra. Ainda que as palavras que nos tenha dirigido não tenham sido muito mais do que «então e de Portugal, quantos vieram?», ao que nós respondemos «somos oito», percebi, pelos acontecimentos que sobrevieram, tratar-se de um homem dedicado, atencioso e bem-falante.
Quando o autor, a páginas tantas, nos refere os eventos que costumam ocorrer em Glastonbury e Stonehenge, não pude deixar de pensar, um pouco egoicamente, diga-se, «eu já lá estive e sei do que estás a falar!»...

Publicado inicialmente no Arte de Ler.

Sem comentários:

Nova plataforma

 Este blogue migrou para aqui .