Há, de facto, algumas desvantagens em não estar no Facebook. É um veículo poderoso de informação, mas essencialmente servia (a mim, em particular) para ir apreciando as diatribes de alguns amigos, conhecidos, e alguns desconhecidos.
Entretanto, em Janeiro / Fevereiro deste ano, tudo mudou.
A pandemia impôs-se nas nossas vidas de forma que nenhum de nós poderia prever, e passou a ser o assunto dominante, tanto nas nossas conversas como nas nossas publicações digitais.
E, aí, tudo descambou.
Nos primeiros tempos, optei pelo silêncio, dando a conhecer, discretamente, as minhas ideias sobre o assunto, até que não pude mais manter a compostura e tive de fazer dois ou três posts mais ou menos inflamados sobre o assunto. Sei que nesse momento cavei fundas trincheiras, nas quais me mantenho até à data, e das quais sairia com gosto, se visse que tinha estado equivocado nas acepções que fiz.
Não me orgulho de ter escavado essas trincheiras. Procurei sempre não o estar a fazer, ou seja, procurei ter uma atitude racional, que não estivesse refém de qualquer ideologia ou ideia política, por exemplo. Não consegui.
Mas lembro-me de um amigo ter feito o seu primeiro post no Facebook sobre o assunto (é pessoa de andar mais pelo Twitter), e de esse post ser completa e totalmente ideológico. Nem se preocupou em escondê-lo. Como nos lembrava Terence Mckenna, "a Ideologia é um insulto ao livre pensamento". Ou seja, para ele o cavar das trincheiras é algo que faz conscientemente (parece-me), e não uma infeliz consequência. É um exemplo, mas que, infelizmente, é quase norma.
E foi, então, dessa normalidade(!) que quis fugir quando deixei de ter presença no Facebook.
Antes porém, recordo-me de acordar e fazer o que infelizmente quase todos fazemos, que é pegar no telemóvel, ver as notificações, e-mails, cenas e, depois, dar um olho nas redes sociais. Dei por mim a reagir a posts (que sem dúvida mereciam a reacção), e depois ficar nas próximas horas a matutar nisso, mal disposto. Decidi que não queria isto para mim, e lá me fui embora.
Das muitas vantagens que existem em não estar no Facebook, a paz de espírito que se obtém destaca-se, claramente.
As redes sociais são uma ferramenta poderosa e útil, sem dúvida, mas, se não cuidarmos, podem tornar-nos (ainda mais) cínicos, e eu há anos que ando a fugir disso.
Quero continuar a manter uma saudável dose de romantismo na minha vida - ainda não o consegui, mas julgo que para lá caminho. Se para isso tiver de continuar fora do Facebook, que assim seja.
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