Quão aquém ficámos dos ideais de Abril de '74?
"É proibido proibir" ou "il est interdit d'interdire", lema "oficioso" do Maio de '68, serve bem para mostrar o quão longe estamos dessas ideias ditas revolucionárias.
Vejo algumas pessoas que, sendo as primeiras a pôr o cravo na lapela a cada comemoração de Abril, são hoje os mais intolerantes à diferença. São, por exemplo, os primeiros a denunciar sites de "fake news". E são os primeiros a apontar o dedo a este ou àquele que pense diferente. São os novos bufos do regime.
Mas denunciar um site que difunde notícias falsas é bom, é praticamente um dever cívico, dizem alguns de vós de forma inflamada. Eu digo que não e posso explicar porquê.
O que te parece que se encerra na ideia de que "é proibido proibir"?
"É proibido proibir" pois acredita-se que, na generalidade, o ser humano tem a capacidade e sabe decidir o que é melhor para si, e é capaz de o fazer sem prejudicar o próximo. Como tal, é inútil proibir.
Em traços muito gerais, e de forma simplista (dirão alguns), é o que nos diz o iluminado lema supra citado, de entre outras coisas, claro está - na verdade, é muito mais profundo do que aparenta.
Mas, o que se continua a assistir, em pleno século XXI, é à ânsia desenfreada (de alguns que se encontram em lugares de decisão) em proibir, proibir, proibir; impor, impor, impor; regular, regular, regular.
Nestes últimos tempos, isto tem sido muito claro.
Nas fileiras, ou seja, no nosso meio, até muitas vezes no nosso grupo de amigos, encontramos comportamentos, que poderíamos apelidar de fascistas (ou comunistas, podes escolher), como sejam aqueles que referi acima, por exemplo, o de querer silenciar sites (é um salto até querer silenciar pessoas, e já o vi a ser alvitrado). E estes surgem, precisa e paradoxalmente, naqueles que se dizem democratas, os mais democratas, os maiores democratas de todos os tempos(!).
Não o são assim tanto. Pena que não façam qualquer esforço de auto-análise.
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